Reportagem do mundo

Reino Unido anuncia £35 milhões ao Fundo Amazônia na COP28

Parte da estratégia de fortalecimento da parceria com o Brasil para crescimento verde e inclusivo, contribuição ao Fundo totaliza mais de R$ 700 milhões.

Isto foi publicado no âmbito do 2022 to 2024 Sunak Conservative government

Brasilia, 2 de dezembro de 2023 - O Reino Unido anunciou hoje (2/12), durante a COP28, em Dubai, apoio adicional de £35 milhões (cerca de R$ 215 milhões) ao Fundo Amazônia.  Também foi assinado o contrato com o BNDES que permite o repasse dos £80 milhões (cerca de R$ 500 milhões), cumprindo com o comprometimento feito pelo primeiro-ministro britânico ao presidente Lula durante sua última visita ao Reino Unido, em razão da coroação do Rei Charles III.

O anúncio foi feito pela ministra britânica para segurança energética e net zero, Claire Coutinho, em encontro com a ministra brasileira do meio ambiente e mudança do clima, Marina Silva e o presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Estou entusiasmada não apenas por podermos formalizar essa contribuição, mas também anunciarmos mais £35 milhões para o Fundo, para reconhecer e ajudar a apoiar a visão do Brasil para as florestas e as pessoas que a protegem”, disse Coutinho.

Além do Fundo Amazônia, serão feitos uma série de anúncios durante a COP 28 para fortalecer a implementação da Parceria Brasil-Reino Unido para o Crescimento Verde e Inclusivo, lançada oficialmente em maio desse ano, durante a visita do ministro das relações exteriores britânico ao Brasil. A parceria visa intensificar a cooperação entre os dois países nos temas de transição climática; florestas e biodiversidade; agricultura sustentável; energia e descarbonização da indústria; e mobilização de finanças verdes.

Serão anunciados em Dubai nove novos projetos do programa UK PACT no Brasil, em um valor total £6 milhões, para apoiar planos de mobilização de investimentos, incluindo créditos verdes para pequenos agricultores, desenvolvimento da bioeconomia e do Plano de Transição Ecológica brasileiro.

A ministra britânica também se encontrou com o ministro de minas e energia, Alexandre Silveira, e com o secretário de economia verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg, para lançar o Hub de Hidrogênio e o Hub de Descarbonização da Indústria. O objetivo dos projetos é apoiar a implementação do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) e o Plano de Neo-industrialização por meio de um acesso coordenado, holístico e facilitado à oferta internacional de assistência técnica e financeira.

No momento em que o Brasil assume a presidência do G20 e se prepara para a COP30 em Belém, os hubs servem como espaço onde Brasil e Reino Unido podem criar novas formas de acesso aos fundos internacionais, dando concretude às discussões sobre a reforma do sistema financeiro internacional.

Além disso, foi anunciada a bem-sucedida conclusão da primeira fase do projeto científico AmazonFACE, principal cooperação científica entre o Reino Unido e o Brasil. O projeto é um programa científico do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI) liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e pela Universidade de Campinas (Unicamp) com apoio do serviço meteorológico britânico, Met Office. O Reino Unido é o segundo maior parceiro do Brasil na área de pesquisa científica. 

Em virtude do anúncio da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla e inglês) sobre a presidência do Brasil na COP30, os países discutirão um possível Diálogo COP26-COP30, de Glasgow a Belém. A iniciativa busca compartilhar experiências sobre sediar uma COP e explorar oportunidades de apoio político às prioridades da presidência Brasileira em um momento crucial para o regime climático.

Todos esses esforços fazem parte de um processo de fortalecimento de laços entre os dois países: entre governos em áreas como mercados de carbono e governança climática, entre instituições de pesquisa e entre nossas empresas e investidores em áreas como energia, bioeconomia e agricultura”, afirmou Claire Coutinho. “Espero que nossa parceria continue a dar resultados e a crescer, com base no respeito, no diálogo, no equilíbrio e nos interesses comuns, ao mesmo tempo em que proporciona benefícios para nossos povos e nos faz avançar rumo à economia do futuro”, completou.

Histórico

A cooperação entre Brasil e Reino Unido é uma parceria de longa data. Desde 2016 o governo britânico investe no país, que é o quarto maior receptor do financiamento internacional para o clima (ICF) britânico. Junto com os valores anunciados direcionados ao Fundo Amazônia, a participação financeira do Reino Unido na agenda climática brasileira chega a mais de £385 milhões (R$ 2,3 bilhões).

Por meio do P4F (Parcerias para Florestas), programa com um fundo avaliado em £10,4 milhões, o Reino Unido apoia o desenvolvimento de negócios florestais que promovem a mitigação de mudanças climáticas no Brasil, a proteção e o restauro de ecossistemas e a promoção do bem-estar das comunidades que vivem em áreas florestais. Nos últimos seis anos, o P4F já mobilizou mais de £99 milhões em investimentos no país e beneficiou a gestão de mais de 3,2 milhões de hectares em florestas.

No meio do ano, o governo britânico anunciou £15 milhões adicionais para o Programa REDD Early Movers, que atua no estado do Mato Grosso. Voltada à redução do desmatamento, a iniciativa já recebeu R$ 43 milhões do Reino Unido e beneficiou mais de 10 mil pessoas com treinamentos e apoio a negócios sustentáveis em sua primeira fase.

O programa REM-AC contribuiu diretamente para a queda gradual do desmatamento, uma queda 28,93% no estado do Acre (2022/2023). A iniciativa também apoiou mais de 1.500 pessoas de comunidades tradicionais em treinamentos de manejo florestal e suporte a negócios sustentáveis.  

Outro programa de destaque na agenda climática brasileira é o Programa Rural Sustentável, parceria entre o governo britânico e o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. A iniciativa tem um financiamento de £62,3 milhões e visa contribuir com o Plano de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agricultura - ABC+ do governo brasileiro, por meio da promoção de práticas de agricultura de baixo carbono em pequenas e médias propriedades, melhorando a produtividade agrícola, evitando o desmatamento e gerando renda para as comunidades. Mais de 27 mil agricultores foram apoiados pelo programa em quatro biomas brasileiros.

Fotos da COP28 disponíveis neste link

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Publicado a 2 dezembro 2023